terça-feira, 24 de maio de 2011

Li, reli e concordo com tudo

Texto belíssimo extraído do blog www.coisademae.com

Sobre maternidade, tempo e amor

Na semana passada eu comentei um post no Facebook, de uma colega, mãe de um amiguinho de Dudu do condomínio. O post dela dizia que a bebezinha de dois meses, que já não saia do peito, agora com cólica passa o dia todo mamando. O post até não me chamou tanto atenção, pois considero essa fase – os três primeiros meses do bebê – realmente muito pesada.

Nós, mães, nos sentimos cansadas, exigidas demais com o cuidado, amamentação, exauridas por conta das noites sem dormir. Muito natural que passemos por períodos de puro desespero, como eu já relatei em diversos posts meus. Somado ao fato da montanha-russa hormonal que passa nosso corpo e mente, pura loucura.

Mas, o que me fez refletir foi um dos comentários, de uma amiga muito querida e que eu respeito sobremaneira. Lá, ela alertava a mãezinha que não deixasse a pequenina muito tempo no peito, para que ela não ficasse chupetando. Eu, na mesma hora, perguntei: “mas, qual é o problema de ficar o tempo todo no peito?“. Fui rebatida pelas duas e acabei saindo da discussão, já que já tinha expressado meu ponto de vista e não estou aqui para catequisar ninguém, apenas para contribuir um pouquinho com o que eu acredito da maternidade. E deixo claro que não é regra, é apenas o que eu acho como certo para mim e para meus filhos, apoiando-me em fatos que a medicina explica, em casos mais específicos sobre amamentação, parto e vínculo, por exemplo, três pilares que sempre discuto aqui no blog e nos fóruns maternos da web.

E aí fiquei pensando o seguinte: será que não nos deixamos levar muito por nossas emoções momentâneas, sobretudo quando nos tornamos mães? Explico-me! O bebê nasce e a gente se vê perdida, desesperada, cansada, exigida, muitas vezes sem saber o que fazer, sentimo-nos incapazes, gordas, sem função na vida, além da maternidade (o que é uma loucura, pois ser mãe já é a maior função do mundo, um dia ainda darão valor a isso, tenho fé)… sim, todas essas sensações são legítimas, eu mesma passei por cada uma delas.

Mas hoje, que meu período mais pesado com meus filhos passou, eu posso dizer: realmente passa! Fazendo uma continha básica cheguei a uma conclusão que me faz acreditar que, por vezes, deixamos nosso egoísmo falar mais alto. A expectativa de vida da mulher brasileira é de 75 anos, de acordo com dados recentes do IBGE. Se pensarmos matematicamente, quanto tempo passamos dando atenção exclusiva aos nossos filhos? Eu diria que de 8 meses a 1 ano. Lógico que aqui entram as mães que optaram por parar de trabalhar fora de casa para cuidar da prole. Sim, elas estão se dedicando mais tempo, mas aí os cuidados são diferentes desses que eu abordo no texto.

Pois bem, em 75 anos vamos considerar que apenas 1 ano, um mísero ano de nossa vida, é permeado por cólica, por choro, por noites sem dormir, por peito rachado, por dor de parto, por bebê pendurado em nosso peito, fazendo-o de chupeta. E aí nós, TODAS, com raras exceções, reclamamos, fazemos #mimimi na web, nos queixamos com marido, choramos. De novo, não estou dizendo que é em vão, não, de jeito nenhum. De verdade, os sentimos são legítimos! Euzinha passei por tudo isso.

Mas, será que é muito mesmo dedicar-nos assim, de forma tão exclusiva e pura, a esses seres que tanto amamos e que colocamos no mundo? Será que não podíamos pensar, nesse período, menos em nós e pensar que só estamos oferecendo o que o bebê precisa? Pois eu acredito mesmo, de coração, que tudo o que bebê novinho precise, pelo menos nos primeiros 3 ou 4 meses, é de colo de mãe, leite materno e carinho. Tirando os outros cuidados básicos, como troca de fraldas e banho, não precisa de mais NADA.

Depois, sim, começa a descobrir o mundo e isso é fisiológico. A partir do quinto mês, quando o tronco começa a ficar ereto e rígido, o bebê começa a olhar o mundo e tem a necessidade de interação, estímulo e todos os outros movimentos tão saudáveis para seu desenvolvimento cerebral. Mas, antes disso, as pesquisas afirmam que TUDO o que o bebê precisa é do contato próximo de sua mãe, tanto que dizem que o primeiro trimestre de vida do ser humano é como o quarto período da gestação, só que do lado de fora do corpo. Ele continua a fazer as mesas coisas que fazia dentro da barriga: dorme muito, movimenta-se pouco e suga (na barriga era o dedo e o líquido que o envolve), agora suga o peito da mãe.

E engana-se quem pensa que bebê só procura o peito da mãe por fome. Não! Os novinhos precisam do peito da mãe por outros fatores também: necessidade de sucção, conforto, calor, quando sente-se ameaçado, quanto sente dor. Há estudos que comprovam que, durante a amamentação – e só nesse período – as glândulas sudoríparas do pescoço da mãe liberam o cheiro de um hormônio que é capaz de acalmar os batimentos cardíacos do bebê quando ele sente medo ou desconforto.

Gente, isso pra mim é beleza pura. Quase uma oração! Se considerarmos que nós, mães, podemos ser para o homem toda sua salvação num período de sua vida é dádiva e me soa de forma muito sublime. Nós matamos sua sede e sua fome, com um fluido que sai de nosso próprio corpo. Acalmamos seus medos com um cheiro que sai de nossa pele. Fazemo-nos dormir com o balanço de nossos braços.

Pra mim, isso é vida em sua forma mais linda e bela. E eu, ainda bem, percebi isso a tempo de poder ofecerer tudo isso a meus filhos. Tive meus momentos de desespero, sim, como toda mãe. Mas, isso não me deteve de amamentar em livre demanda e de forma prolongada. Não me fez impor duras rotinas que forçassem meus filhos a dormirem enquanto eles ainda não eram capazes disso. Não me fizeram ir pra longe deles em seus primeiros anos, quando eles tanto precisam da mãe por perto.

Eu acredito que o mundo de amanhã será transformado por pessoas. Esses cidadãos que estamos formando hoje. Lá fora, no mundo duro e hostil, eu escolho colocar pessoas mais seguras e emocionalmente estáveis. E isso tudo pode ser desenvolvido por uma coisa muito simples: amor! Amor de mãe, que habita de forma pura todos os nossos corações.

#Ah, e antes que eu me esqueça: o que veio primeiro? A chupeta ou o peito da mãe? Será que não estamos invertendo um processo natural? Eu preferi que meus filhos fizessem meu peito de chupeta do que a chupeta de peito. Acho mais gostoso, cria vínculo e ainda não estraga os dentes…rs.

Glauciana Nunes

http://www.coisademae.com/2011/05/sobre-maternidade-tempo-e-amor/

Um comentário:

  1. Não te conheço....mas estava aqui exaurida no papel integral de mãe, com um sono absurdo e coloquei a minha pequena Maria Clara no berço com seu móbile e digitei aqui no google "mãe em tempo integral" e veio o seu blog com este texto maravilhos... acho que nada nesta vida acontece por acaso e suas palavras foram balsamos para minha alma! Me sinto renovada....Obrigada! Beijokas Grasi

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