quinta-feira, 19 de fevereiro de 2009

Carta de um bebê: Se eu acordar de madrugada....

Querida mamãe,

Esta noite acordei estranhando o silêncio. Não havia barulho algum e pensei que o mundo tinha até acabado e você esquecido de mim. Coloquei a boca no trombone e você apareceu. Ainda bem. Fique tão feliz no calor do seu peito que acabei pegando no sono antes de mamar tudo o que precisava. Quando percebi que você ia me colocar no berço, chorei de novo. Mas não tente negar, você estava com pressa para ir dormir outra vez.
Você me deu de mamar novamente, assim, meio apressadinha e depois, resolveu trocar minha fralda. Estava tudo calmo, um silêncio, nós dois juntinhos, tão legal que perdi o sono. Você até que foi compreensiva, mas começou a bocejar um pouco e resolveu me fazer dormir. Eu não queria dormir. Talvez eu precisasse de mais dez minutos ou meia hora. Mas você estava mesmo decidida a dormir. Foi ficando bem nervosa e até chamou papai. Eu não queria o papai e todos fomos ficando muito irritados. No final das contas, acordei a casa inteira cinco vezes. Pela manha, nossa família estava com cara de quem saiu do baile. Acho que estraguei tudo. Imagina, me dar de mamar com pressa e daí eu sinto que você não quer mais ficar comigo.
Os adultos tem hora certa pra tudo, mas eu ainda não entendi essas coisas de relógio e tarefas estafantes que vocês precisam fazer. Quando meu corpo está com o seu, quero ficar do seu lado sem separar nunquinha. Do alto dos meus três meses, ainda não entendi direito que você é uma pessoa e eu sou outra. Um dia eu vou sair por aí, vou telefonar e posso deixá-la doida pra saber o que ando fazendo e, então, você vai entender como me sinto agora. Mas não precisamos desta guerra, mamãe. Até lá já podemos nos entender, inclusive através das palavras. Sinto a angústia da separação, pois acabei de passar por essa experiência. Você também, mas vive tudo isso como uma adulta consciente. Eu ainda estou vivendo no inconsciente. Eu não sei nada, tudo é tão novo para mim aqui fora. Mas eu tenho a absoluta certeza de que eu vou aprender tudinho o que você me ensinar através dos seus sentimentos em relação a mim.
Mamãe, você quer um conselho de bebê? Quando eu acordar a noite, não salta logo para meu quarto desesperada como se o mundo fosse acabar. Espere um pouco, respire profundamente, ouça o meu choro até que ele atinja o seu coração. Sinta seu tempo, realmente acorde e venha me pegar. Abrace-me devagar, não acenda a luz. Fale bem baixinho e me dê o seu peito para eu mamar. Depois que eu arrotar, mais um pouquinho de paciência, pois, nós bebês, somos muitos sensíveis aos sentimentos dos adultos. Se eu sentir que você está com pressa, sou capaz de armar o maior barraco, mas se você esperar até o meu segundo suspiro, quando os meus olhos ficarem bem fechados, minhas mãos e pernas bem molenguinhas, aí sim, pode me colocar no berço que eu não acordo antes de sentir fome outra vez. À medida que você desenvolver sua paciência, mamãe, eu estarei desenvolvendo a minha tranqüilidade e nós não teremos mais noites infernais. Apenas noites de mamãe e bebê, que um dia passam, como tudo na vida.


Autor desconhecido.

Nenhum comentário:

Postar um comentário

Obrigada por participar do nosso blog!